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Celular nas escolas: saiba como está sendo a prática da restrição no uso dos aparelhos

Na prática, a implementação da nova regra nas escolas tem exigido esforço e adaptação.

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Sancionada no início de janeiro de 2025, a Lei Federal 15.100 estabeleceu novas diretrizes para o uso de dispositivos eletrônicos portáteis em escolas
públicas e privadas de todo o país. A norma restringe o uso de celulares e outros aparelhos em sala de aula, recreios e intervalos, com exceção para fins pedagógicos autorizados por professores. Na prática, a implementação da nova regra nas escolas tem exigido esforço e adaptação.

A coordenadora pedagógica e professora do ensino fundamental II, Deborah Bittencourt, destaca que, embora a restrição tenha como foco a concentração dos alunos durante as aulas, o desafio diário é lidar com a presença natural do celular na rotina das famílias.

Arquivo pessoal

“A gente entende que muitos pais usam o celular para enviar dinheiro do lanche ou se comunicar com os filhos, então tentamos explicar que não é uma proibição total, mas uma forma de garantir o foco em sala”, explica.

A professora relata que o diálogo com as famílias tem sido essencial. “Alguns pais entendem e apoiam, outros acham que estamos dificultando a vida deles. Então buscamos um meio-termo. Por exemplo, em casos urgentes, o aluno pode usar o celular na coordenação.”

Ainda em fase de adaptação, os efeitos da lei já começam a ser sentidos no comportamento dos estudantes. Segundo Deborah, a atenção e a participação em sala de aula aumentaram. Ela ressalta que a escola sozinha não consegue dar conta de tudo e defende a educação para o uso do celular, com envolvimento das famílias.

“O aluno tende a se distrair menos e interagir mais. Mas o problema vai além da escola, muitos jovens ficam conectados até de madrugada, o que prejudica o sono e a disposição para aprender”, alerta.

A psicóloga infantojuvenil Fernanda Santana alerta para os efeitos preocupantes das telas no desenvolvimento infantil. Segundo ela, o uso desenfreado impacta negativamente a linguagem, a atenção, a memória, o sono e a interação social. “Nos adolescentes, há aumento de ansiedade, depressão e dificuldades de concentração”, afirma.

Arquivo pessoal

Fernanda também explica que a retirada abrupta pode gerar sintomas semelhantes aos de abstinência, pois o uso excessivo de telas ativa o sistema de recompensa do cérebro. A recomendação da especialista é reduzir gradualmente o tempo de tela, substituindo-o por atividades alternativas e mantendo o uso supervisionado. “Oferecer outra atividade no lugar é fundamental. A mudança precisa ser construída com paciência e constância”, indica.

Escrito por: Isabel Bomfim

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