Tendência nacional cresce em Feira e atrai novos praticantes em busca de saúde e bem-estar
A corrida de rua vive um momento de crescente popularidade em Feira de Santana, impulsionada pelo avanço da modalidade em todo o país. Mais de 2,8 mil provas foram realizadas no Brasil em 2024, segundo levantamento da Associação Brasileira de Organizadores de Corridas de Rua e Esportes Outdoor (ABREO) em parceria com a agência Esporte & Negócio. No município, cada vez mais pessoas de diferentes idades e realidades estão descobrindo nas pistas um novo estilo de vida, buscando saúde, disciplina e equilíbrio.
Para Dafne Santiago, de apenas 17 anos, a corrida começou como uma brincadeira entre colegas de trabalho. Ela participou de uma competição do seu trabalho e acabou se apaixonando pelo ritmo. “A minha motivação inicial foi a corrida da TV Subaé, mas depois de um tempo eu comecei a gostar muito”, conta.

Mesmo com os estudos do ensino médio exigindo atenção, Dafne tenta manter os treinos duas vezes por semana, por cerca de 40 minutos cada. Ela admite que nem sempre é fácil: “Hoje em dia meus treinos estão muito falhos. Estou dando prioridade aos estudos porque estou no final do ensino médio. Mas, quando acabar a escola, vou priorizar bastante os treinos.”
No começo, ela enfrentou dificuldades para respirar e lidar com o ritmo, algo comum para quem está começando. “No começo a gente não consegue respirar direito. A gente fica sempre com o pensamento de tentar abaixar o pace”, relembra. E o desafio hoje é outro: “O meu desafio é levantar da cama, para ser bem sincera, porque cansa.”
Apesar dos percalços, Dafne reconhece que a corrida mudou muito a sua vida: “A corrida tem me ajudado muito a aumentar minha autoestima, minha saúde e meu bem-estar. Comecei a correr para emagrecer e hoje me sinto satisfeita com meu corpo. Cuido da minha saúde mental, da minha saúde física. Melhora todo o meu bem-estar.”
Quem também encontrou na corrida um espaço transformador foi Jamile Lima, professora de ciências. Ela e o marido começaram a correr juntos em 2019 e viram a prática se tornar uma parte íntima da relação deles. “Corrida é individual e coletiva. Precisamos aprender a correr sozinhos, mas ter alguém acompanhando, torcendo, ensinando e aprendendo com você é muito gostoso”, afirma.

A gravidez não afastou Jamile das pistas. Ela manteve os treinos mesmo estando gestante, e garante que o exercício virou uma espécie de “descanso psicológico”: “Não sinto enjoos, mal-estar nem fadiga. Acordo até mais disposta que antes e continuo com a corrida, porque é o meu momento de descanso também, principalmente psicológico.”
Depois do nascimento do seu filho, a volta aos treinos foi gradual. Com apoio médico, nutricional e um treinador, Jamile retomou caminhadas e corridas leves. “Tinha um pouco de desequilíbrio motor. O centro de equilíbrio da gente muda, né? Eu já não tinha mais o barrigão. Mas foi primordial para a minha recuperação completa”, relata. Ela reconhece que ainda não está com a força de antes: “Até hoje eu sei que não voltei completamente. Não estou tão forte quanto antes, mas vou com cautela. Agora tem uma vida que depende de mim.”

Para o administrador Paulo Ricardo, de 46 anos, a corrida marcou uma virada verdadeira. A decisão de mudar de vida veio aos 40: ele começou com atividade física regular e, aos poucos, foi se aproximando da corrida. “Quando completei 40 anos, resolvi fazer uma mudança na minha vida. Comecei a praticar atividade física e depois fui evoluindo para a corrida. E na corrida me apaixonei e permaneço até hoje, participando de treinos e competições.”
O impacto da prática esportiva foi maior que ele esperava: reduziu peso, ganhou saúde física e mental. “Me considero um grande exemplo de superação. Agora me sinto melhor em vários aspectos da minha saúde física e mental.”

Desde abril de 2021, ele não parou mais. Fez mais de 50 provas e treina três vezes por semana com a ajuda das chamadas assessorias de corrida, que são grupos organizados que reúnem corredores veteranos e iniciantes nos mesmos treinos, orientando ritmo e constância, algo que ajudou a construir uma rotina sólida. “Realizo treinos três vezes na semana, todas as semanas do ano. E os treinos ajudam muito a melhorar a performance, seja de velocidade, de respiração ou de resistência”, finaliza Paulo.
Por: João França, Luis Brandão, Kethellen Serra, Vitória Lima e Marisa Ellen.