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Resenha: Curta – Eu não quero voltar sozinho

Quando se é adolescente e se vai descobrindo sobre si e sobre o que é o amor, tudo se torna uma bagunça imensa, pincipalmente, por ser um período da juventude onde tudo é efêmero e imediato, fora todas as dificuldades que existem na juventude. No curta Eu Não Quero Voltar Sozinho, dirigido por Daniel Ribeiro, podemos ver muito disso.

A trama conta a história de Leonardo, interpretado Ghilherme Lobo, que é um adolescente cego, estudante do ensino médio. Inicialmente, sua principal dupla é a sua melhor amiga, Giovana, interpretada por Tess Amorim, que o acompanha a todo o momento no colégio, nas atividades fora da escola e até mesmo nos pensamentos mais comuns da juventude: gostar de alguém.

No curta, é evidente em todo momento as preocupações principais a serem tratadas: atividades escolares, bullying, puberdade, socialização. No caso de Leo, claro, os obstáculos não deixam de ser maiores. Sendo um menino com deficiência visual, os conflitos são mais complicados de serem resolvidos. No entanto, Daniel Ribeiro consegue desenrolar tudo de uma maneira bem sutil e simples e sem jamais ser incoerente sobre os problemas sofridos por um jovem com deficiência. Mas apesar disso, o que é muito interessante no filme é o cuidado com que Leo vive sua adolescência e vai descobrindo seus sentimentos de acordo com o surgimento de cada um deles.

E seguindo essa linha de descobertas, o grupinho de Leo e Gio é surpreendido com a presença de um novo aluno em sua turma, Gabriel (Fabio Audi). Se mostrando simpático desde o início, Gabriel vai criando um laço bastante afetuoso com os dois amigos, principalmente, com Leo. Gio, por outro lado, começa a demonstrar os ciúmes que existe quando a gente sente que vai ficando um pouco de lado em algumas amizades. Já Leo e Gabriel, em contrapartida, vão dando vida a sentimentos em comum e interesse romântico, até então, retraído pelos dois.

Eu Não Quero Voltar Sozinho é a história perfeita para a demonstração impecável e bastante cuidadosa de como funciona a realidade diferente da mesmice. Abordar a sexualidade na adolescência é algo que precisamos que seja mais frequente nas cinematografia brasileira. Mas é mais importante
ainda que sejam abordados os demais aspectos como, por exemplo, a deficiência e todos os paradigmas diante disso. É impressionante como Daniel Ribeiro transmite, através da obra, todas as sensações vividas pelos personagens que parecem ser, de fato, reais como quem conhecemos no dia a
dia por aí.

É admirável também a entrega dos atores aos seus papéis. Ghilherme Lobo, no seu papel principal, dá vida a Leo e consegue passar para o personagem tudo que ele precisa pra ser quem é naquela história.

O curta, com seus 17 minutos, consegue prender quem está assistindo do início ao fim. Bem dividido e com uma linha perfeita de início, meio e fim, ele nos deixa com vontade de saber a continuação daquela história que nos envolve tanto enquanto a vemos ser construída. Quando a produção acaba e os pensamentos sobre a obra vêm à tona, o principal deles é, sem dúvidas, a vontade de querer iniciá-lo novamente e prestar mais atenção aos detalhes.

Escrito por: Raiane Natália

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