Cuidar da mente está cada vez mais associado a movimentar o corpo. Nos últimos anos, a prática da musculação tem sido mais associada a benefícios para a saúde mental. Além de ser uma forma eficaz de melhorar a saúde física, ela é uma aliada para aliviar sintomas de estresse, ansiedade, depressão e melhorar a qualidade do sono.
Atualmente, a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomenda de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada para adultos, por semana, e uma média de 60 minutos para crianças e adolescentes, por dia. No cenário brasileiro, o país é considerado o mais ansioso do mundo, pela OMS, com 18,6 milhões de brasileiros, que representa quase 10% da população.
Anyele Eduarda, 21, é estudante de publicidade e propaganda e sempre teve dificuldade para aceitar o próprio corpo. Quando decidiu fazer musculação, ela viu melhoras no seu condicionamento físico, o que, automaticamente melhorou sua saúde mental. “Eu consigo lidar melhor com os meus problemas e lidar melhor com as minhas frustrações. Então, mentalmente ela ajudou muito, porque é um ambiente que eu entro ali, ponho um fonezinho de ouvido e esqueço todos os meus problemas”, conta.
Atualmente, Anyele leva uma vida equilibrada e concilia trabalho, estudos e treino. E, pretende continuar a vida saudável que leva hoje. “A academia me salvou em vários aspectos da minha vida, então eu não consigo mais voltar a ser o que eu era antes, não consigo mais não fazer academia ou ser sedentária, voltar àquela alimentação horrível”, comenta.
Os benefícios que a musculação traz para a saúde mental foram confirmados por um estudo publicado na revista Psychiatry Research, no qual foram revisados sistemicamente mais de 200 artigos sobre o tema. A análise foi conduzida por Paolo Cunha, bolsista FAPESP de pós-doutorado no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (Iiepae).
“Nosso sistema nervoso é interligado: central e periférico. A prática de atividade física, como a musculação, envia estímulos ao sistema nervoso central, liberando hormônios que trazem prazer, tranquilidade, alegria e entusiasmo”, explica o educador físico Jonathan Moreira.
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Além disso, a musculação pode ser particularmente útil no tratamento de pessoas que não conseguem manter um regime de exercícios aeróbicos devido a limitações físicas ou psicológicas. Ela permite a personalização de intensidade e volume de treino, o que facilita a adaptação para diversos perfis.
Jonathan conta que tem vários alunos que conseguiram sair do estado de depressão depois que começaram a realizar exercícios físicos. “A prática da musculação aumenta a confiança e a autoestima. Melhorar o físico e ganhar força contribuem para que a pessoa se sinta mais confiante no dia a dia, afetando positivamente relacionamentos, trabalho e interação social. A musculação é especialmente benéfica para quem enfrenta dificuldades emocionais, muitas vezes relacionadas ao sobrepeso”, finaliza.
Embora a musculação seja tradicionalmente vista como uma forma de melhorar a força e a estética corporal, seus benefícios vão além, sendo uma estratégia eficaz adotada por profissionais para o tratamento da saúde mental.
A psicóloga Zilda Soares explica que a musculação promove a liberação de hormônios, como ocitocina, dopamina e serotonina, neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar. “Vai ajudar no sono, inclusive no controle do apetite, porque quando a gente está fazendo o exercício físico, aciona esses hormônios…é a sua auto motivação”, afirma Zilda.
Zilda já foi atleta na juventude e conta que hoje seu corpo responde de outra forma porque ele já tem uma memória muscular, o que é importante. Ela afirma que uma alimentação saudável, exercício físico e acompanhamento psicológico é a chave para o tratamento da saúde mental e como toda abordagem terapêutica, é importante que a musculação deva ser combinada com acompanhamento profissional para garantir os melhores resultados. “Hoje, a gente já está vendo alguns estudos comprovando a ligação do exercício físico com a demência. Por isso, é de suma importância a gente cuidar desse templo (nosso corpo), que é isso que faz a gente andar, trabalhar e amar”, complementa.
Escrito por: Daniele Nunes