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Mulheres de fibra: a liderança feminina que transforma a ABAPA e o algodão baiano

Silmara Ferraresi – Diretora de Relações Institucionais da ABRAPA (Foto – Kaio Ílic)

O algodão baiano sempre foi símbolo de resistência, trabalho e tradição. Mas é nas mulheres que a ABAPA encontrou um novo fio condutor para a inovação, a gestão e a representatividade no setor. Fundada há décadas para organizar, fortalecer e representar os produtores de algodão do estado, a associação não apenas estruturou uma produção de excelência, mas também passou a investir na valorização de talentos femininos em todas as áreas, desafiando a histórica predominância masculina do agronegócio. Hoje, o protagonismo feminino é visível em cargos estratégicos, na comunicação, na fiscalização, na capacitação e na própria presidência, mostrando que fibra, competência e liderança não têm gênero.


Alessandra Zanotto – Presidente da ABAPA (Foto – Maria Rita Moreira)

Assumir a presidência da ABAPA dez anos após a primeira mulher ocupar o cargo é, para Alessandra Zanotto, mais que um privilégio: é uma responsabilidade histórica. “Muito mais do que um privilégio, é uma responsabilidade por toda a história que foi construída até aqui”, afirma. Ela faz parte da segunda geração de produtores de algodão da região, carregando inovação, experiência familiar e uma visão estratégica voltada para inclusão e inspiração de novas líderes. Alessandra reforça que seu objetivo vai além de ocupar um cargo: é abrir portas para que outras mulheres se vejam em posições de protagonismo, contribuindo para que o setor agrícola seja cada vez mais diverso, inclusivo e colaborativo. Para a presidente, a liderança feminina fortalece a relação da ABAPA com parceiros nacionais e internacionais e transforma a gestão em algo mais humano e conectado.



Gustavo Prado – Diretor Executivo da ABAPA (Foto – Equipe Abapa)

Essa mudança é perceptível em todas as frentes da associação. Gustavo Prado, diretor executivo, explica que a valorização feminina parte da meritocracia, mas se materializa em oportunidades concretas de desenvolvimento. “A seleção é por competência, mas oferecemos treinamentos, turmas exclusivas para mulheres e capacitações técnicas em máquinas agrícolas e coleta de algodão. Queremos que cada colaborador entregue o melhor resultado e se sinta realizada.” Hoje, mais de 50% da diretoria da ABAPA é composta por mulheres, e áreas estratégicas como comunicação têm equipes majoritariamente femininas. Essa presença feminina não é apenas simbólica: ela gera resultados concretos, desde eficiência operacional e conservação de máquinas até melhor clima organizacional e maior produtividade no campo.


Michele Almeida – Coordenadora de Comunicação e Marketing da ABAPA (Foto – Maria Rita Moreira)

No setor de comunicação, o protagonismo é ainda mais evidente. Michele Almeida, Coordenadora de Comunicação e Marketing, observa que a comunicação institucional vai além da divulgação: é uma forma de dar visibilidade ao talento feminino. A equipe é formada por cinco mulheres e apenas um homem, com todas as posições de liderança ocupadas por mulheres. “Quando trazemos mulheres para espaços de liderança e usamos campanhas internas ou externas, mostramos à sociedade que essas profissionais estão aqui, desempenhando seu papel com maestria. Isso reforça que elas fazem parte do setor e merecem reconhecimento”, afirma.

A ABAPA também investe em capacitação prática. Mulheres participam de treinamentos exclusivos, aprendendo a operar máquinas agrícolas e técnicas de coleta de algodão, o que tem gerado resultados concretos no campo. Para Gustavo Prado, isso demonstra que a valorização não é apenas teórica, mas prática: cada habilidade aplicada gera ganhos reais de produtividade, preservação de equipamentos e melhoria na eficiência do trabalho. Além disso, essas iniciativas criam oportunidades de emprego e fortalecem a autonomia feminina.

O protagonismo feminino também se evidencia na liderança técnica. Yanna, coordenadora do Programa Brasileiro Responsável, lembra que sua experiência anterior na fiscalização foi decisiva para conquistar o cargo, que envolve garantir a conformidade da produção de algodão com a legislação. Ela lidera uma equipe predominantemente masculina e nunca enfrentou questionamentos por ser mulher. “Ter essa posição para ajudá-los a crescer também é um sentimento muito bom”, diz. A confiança e o respeito da equipe refletem a competência de Yanna e o reconhecimento do valor feminino no setor.


Yanna – Coordenadora do Programa Brasileiro Responsável (Foto Maria Rita Moreira)

Além da gestão interna, a ABAPA tem promovido integração e troca de experiências entre diferentes gerações e trajetórias profissionais. Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da ABRAPA, cita o exemplo de um químico de 82 anos que passou a treinar em um espaço junto com jovens profissionais, criando uma conexão inédita de aprendizado e troca de experiências. Para Silmara, a diversidade é a força que impulsiona a ABAPA: “Competência, vontade e aprendizado não têm idade ou gênero. Nosso espaço é plural, aberto a diferentes trajetórias e idades. A inclusão é uma força transformadora que inspira confiança em toda a cadeia produtiva.”

Essa valorização da diversidade e da liderança feminina não é apenas institucional: ela se estende à comunidade e à sociedade. As campanhas de comunicação da ABAPA levam para fora da porteira o protagonismo das mulheres, reforçando que o setor agrícola pode e deve ser inclusivo. Michele Almeida explica que a comunicação transforma histórias internas em narrativas inspiradoras, mostrando que cada mulher na associação desempenha um papel essencial e merece reconhecimento público.

O impacto da presença feminina na ABAPA é simbólico e concreto. Cada treinamento, cada oportunidade, cada liderança feminina muda a forma como o algodão baiano é produzido, gerido e percebido. Como Alessandra Zanotto afirma, o objetivo não é apenas ocupar espaços, mas transformar o setor, inspirar outras mulheres e mostrar que talento e determinação não têm gênero.

Hoje, a ABAPA é referência não só pela excelência na produção de algodão, mas também por sua cultura de inclusão, protagonismo feminino e inovação. Mulheres como Alessandra, Yanna, Michele e tantas outras demonstram que a liderança feminina é capaz de transformar a história de uma associação, inspirar uma cadeia produtiva inteira e deixar um legado que vai muito além da porteira: é sobre oportunidades, reconhecimento e impacto real na vida das pessoas.

No algodão baiano, a fibra feminina se tornou tão essencial quanto a própria planta: resistente, produtiva e capaz de gerar resultados que vão muito além do campo.

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